A insuflação na santificação do óleo do Crisma

A Palavra do Senhor criou os céus
e o sopro dos seus lábios as estrelas. Sl 32, 6.

Embora a “Bênção dos santos óleos” não seja celebrada dentro do Tríduo Pascal, ela mantém uma profunda relação com a celebração desse grande mistério: nela são abençoados e santificados o óleo para a unção dos catecúmenos e para a Confirmação, celebrada na Noite Santa. O que coloca tal rito de bênção em estreita relação com os Sacramentos da Iniciação Cristã. O bispo é o ministro ordinário dos citados sacramentos, como imagem do Pai que comunica, por Jesus Cristo, o Filho, o Espírito Santo. O presente artigo, parte da minha tese de doutorado, apresenta a história da chamada confecção e consagração do óleo do Crisma e o seu desenvolvimento ritual, sublinhando um dado particular do rito: a insuflação, que, com a reforma/restauração litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II, foi passada à categoria do pro opportunitate.

Nos ritos, o gesto de insuflação é um dos mais comuns. Com ele se pretende expulsar o espírito maligno, mas, acima de tudo, comunicar vida. O gesto está relacionado com o conceito de respiração, que no hebraico se diz nephesh e no grego psique. Essa “respiração” é o que transforma o corpo em um corpo vivente, animado. É o que em hebraico se chama também ruach e em grego pneuma, que traduzimos por espírito, hálito, respiração, vento.

 

Um pouco de história

O óleo do crisma da quinta-feira santa é santificado com o hálito[1]. Uma bênção usada sobre o óleo é atestada pela primeira vez por Tertuliano no seu tratado De Baptismo[2]. Na Traditio Apostolica, que o chama oleum gratiarum actionis, reserva a bênção expressamente ao bispo[3], que a fazia antes da administração do batismo[4].

No século V, o rito da bênção do óleo do crisma, em Alexandria, era antecipada para a Quinta-Feira Santa. Tal praxis, entre os fins do século V e início do século VI, foi inserida na Gália e atestada pelo Missale Gallicanum Vetus 82-91 (Feria quinta in caena Domini. Missa chrismale)[5].

No Ocidente romano, o testemunho litúrgico mais antigo, depois do Gelasianum Vetus (GeV) 375-390 ‒ que colocava a consagração do crisma entre a fração do pão e a comunhão, imediatamente depois da bênção do óleo dos enfermos, com uma fórmula estrutural de um prefácio Qui in principio inter caetera seguida de um exorcismo e conclusa com a doxologia Qui mysteriorum tuorum[6], ‒ é dado pelos Ordo Romanus (OR) do VIII século, e pelo o Sacramentário Gregoriano Adrianeu (GrH). Fora de Roma a bênção do óleo do crisma se dava no Sábado Santo (Cesário de Arles † 542)[7] ou no Domingo de Ramos (Pseudo Germano de Paris [século VII]).

Até o século VI o óleo era puro e não conhecia a mistura com o bálsamo. A primeira menção da mistura se encontra no II concilio de Braga do ano de 572[8], que era feita pelo Pontífice na sacristia, conforme atestado do OR XXXIV 9, redigido nos países francos entre 750-800, contendo o cerimonial para os últimos dias da Semana Santa.

Em Roma, nos séculos VII/VIII, o Papa celebrava uma missa na Quinta-Feira Santa em s. João do Latrão, ao meio dia, sem uma liturgia da Palavra e que começava pelo ofertório; nela abençoava os óleos depois do cânon, antes do per quem haec omnia, na seguinte ordem: o óleo dos enfermos, o santo crisma e o óleo dos catecúmenos (GrH 328-337)[9]. O prefácio para esta missa do GeV, Clementiam tuam, encontrou lugar no suplemento do GrH (GrSp [1586]).

A narração da Missa Crismal do VII século, num Ordo escrito provavelmente por um clérigo romano, descreve a consagração do crisma que acontecia depois da comunhão:

Tunc archidiaconus ascendens cum chrisma, ampullam auream cum pallio albo habens in manu sua, et illud pallium mittens ex parte supra dexteram scapulam stansque ante pontificem, et omnes episcopi et prebyteri et diaconi in circuitu eius.

Et ille pontifex tribus vicibus sufflans in ampullam, tangens sua manu, dicit magna voce: Sursum corda. – Habemus ad Dominum. – Gratias agamus Domino Deo nostro. Respondet populus: Dignum, et sacerdos: V. D. qui in principio… esse consortes, per.

Et pontifex signat in modum crucis tribus vicibus cum pollice, et insufflat tribus vicibus, cum halitu signat in crucis modum[10].

A missa para a consagração do crisma no rito romano conheceu desde muito cedo uma solenidade particular. Afirma Amalário:

Mos est romanae Ecclesiae ut in confectione immolationis Chisti (a Missa) adsint presbyteri, et simul cum pontífice verbis et manibus conficiant. At quia in ipsa periocha concluditur consecratio olei hujus, oportet ut simili modo sicut et caetera cum pontífice presbyteri oleum conficiant[11].

A Igreja latina conheceu a fixação da data da bênção do óleo do crisma somente com o Pontifical Romano Germânico (PRG) do X século que já não menciona mais a missa crismal nem a missa vespertina (PRG 71-75; 77-85)[12].

Os livros litúrgicos do século XIII e o MR de 1570 continham somente o formulário para a missa que recordava a instituição da Eucaristia. A confecção e consagração do crisma passou a ter lugar nas catedrais fora da missa usando os formulários presentes nos Pontificais.

O gesto de insuflar três vezes sobre o óleo é atestado pelos OR já no VII século[13]. Os Ordines do VIII século indicam que o rito, que se fazia imediatamente depois da comunhão do bispo e antes da comunhão do clero e do povo[14], iniciava com a bênção do bálsamo e a sua mistura com o óleo crismal mediante duas fórmulas galicanas não presentes nos livros romanos até o século XV: Deus mysteriorum coelestium… e Creaturarum omnium, Domine, procreator…

O OR XXXB, redigido em Flandres entre os anos 750-800, que apresenta os ritos dos ofícios da Quinta-Feira Santa até o sábado da semana pascal celebrados por uma comunidade monástica ou de canônicos regulares, nos números de 18 a 22, descreve a bênção dos óleos na Quinta-Feira Santa da mesma forma que o OR XXVII 28-32, o OR XXXI 23-27, o OR XXIV 16-20 e o OR XXVIII 20-23:

Deinde subdiaconus regionarius et archidiaconus infra cancellos stans similiter recepit eam (ampola com óleo) et vadet ante pontificem et stat ante eum cum ampulla.  Et exalat in eam pontifex tribus vicibus et faciens crucem super eam, dicendo. In nomine patris et filii et spiritus sancti. Et sequitur benedictio decantando sicut  et vere dignum.  Ipsa expleta, revocantur ampullae per ordinem sicut acceperunt. Similiter et alia ampulla cum oleo purissimo portatur ante pontificem ab alio diacono, sicut superius; et alat in eam ter, sicut supra.

No PRG do X século encontramos a seguinte sequência ritual: depois da comunhão do bispo, procissão com o óleo do crisma em meio a velas e incenso, precedido pelo evangeliário e seguido por doze presbíteros e um coro de crianças cantando o hino O Redemptor, sume carmen de Venâncio Fortunato; bênção e mistura do bálsamo no óleo, halitação tripla sobre o óleo seguida da oração de exorcismo, oração consecratória, já referida no GeV, e saudação ao óleo consagrado, já presente no OR XXXI 27. A insuflação tem um caráter netamente de exorcismo.

Benedictio in commixtione olei et balsami Oremus dominum nostrum omnipotentem… Hic commisceantur, dicente pontifice: Haec commixtio liquorum fiat omnibus perunctis propitiatio et custodia salutaris…. Deinde antequam benedicatur, halat ter super ipsam ampullam et dicit lenta voce exorcismum chrismalis olei. Exorcismus chrismalis olei. Exorcizo te, creatura olei, per Deum… Tunc dicat alta voce: Per omnia secula seculorum. Resp.: Amen. Dominus vobiscum. Resp.: Et cum spiritu tuo. Sursum corda. Resp.: Habemus ad dominum. Gratias agamus domino Deo nostro. Resp.: Dignum et iustum est. Prefatio. Vere dignum… Finita benedictione, domnus episcopus salutet chrisma nudum et ministri qui iuxta eum sunt. Et ita iterum per ordinem descendat sicut ascendit (PRG 272-276).

No Pontifical de G. Durando, o bispo é circundado por doze presbíteros, sete diáconos e pelo menos sete subdiáconos. O óleo do crisma é trazido em procissão sob um baldaquino sempre ao canto do hino de V. Fortunato. O hino é interrompido depois da estrofe Consecrare tu dignare, Rex perennis patriae. Hoc olivum signum vivum, jura contra daemonum; tem início o rito da bênção do bálsamo, a confecção, e o exorcismo. O bispo, antes de pronunciar a oração de consagração, sopra sobre o unguento, depois todos os presbíteros repetem o gesto do bispo, se diz a oração de bênção Qui in principio usando a fórmula do GeV; saudação ao crisma e beijo dos vasos com o óleo por parte do bispo e do clero[15].

Com a possibilidade de uma única missa na Quinta-Feira Santa e a impossibilidade da missa vespertina, a confecção e consagração do crisma passou a ser celebrada extra missam[16], até a reforma piana de 1955[17].

No Pontifical Romano (PR) editio princeps de 1595-1596, e no PR editio typica de 1961-1962, a confecção e consagração do crisma se encontrava na III parte. No PR editio princeps, imediatamente depois dos ritos para a reconciliação dos penitentes, e no PR editio typica, depois da fórmula para a publicação das festas móveis, sob o título: De Officio in feria quinta Caenae Domini, cum benedicitur oleum catechumenorum et infirmorum et conficitur chrisma. Em ambos encontramos a insuflação na seguinte sequência ritual: benção do bálsamo com a oração Deus, mysteriorum... e Creaturarum omnium, Domine, procreator...; a fórmula Oremus Dominum Deo nostrum omnipotentem...

Quo facto, sedet Pontifex, retenta mitra, et halat plane tertio, in modum Crucis, super os ampullae Chrismalis involutae ante se super mensam stantis. Deinde duodecim Sacerdotes parati, qui juxta eum sunt, ordinatim facientes reverentiam Sacramento in altari posito, et Pontifici, ad mensam praedictam accedunt, et stantes ante eam singuli successive eodem modo, ut Pontifex fecerat, in modum Crucis super os ampullae praedictae halant. Tum reverentiam, ut supra, facientes, ad loca sua revertuntur. Quo facto, surgit Pontifex, et stans, cum mitra, legendo dicit exorcismum Chrismalem, absolute dicens: Exorcizo te, creatura olei

Depois do exorcismo se faz a mistura. Com a oração Haec commixtio liquorum inicia o canto do prefácio de santificação do óleo. Terminada a oração de santificação tudo se conclui com a saudação Ave, sanctum chrisma por parte do pontífice e dos dez sacerdotes paramentados (PR ed. princ.1186-1200; PR ed. typ. 976-988).

 

2 A insuflação no atual PR

No atual Bênção do óleo dos catecúmenos e dos enfermos e confecção do crisma (RBO)[18] ou Ordo benedicendi oleum catechumenorum et infirmorum et conficiendi chrisma OBO[19], a consagração do crisma tem lugar depois da bênção do óleo dos Catecúmenos que se faz imediatamente depois da Oração depois da Comunhão, tendo a possibilidade de ser celebrada durante a liturgia da Palavra, imediatamente depois da Oração da Assembleia, na missa ordinariamente celebrada Quinta-Feira Santa pela manhã, intitulada Missa chrismatis dentro do dia Feria quinta in Cena Domini (OBO 26)[20]. Não se prevê uma bênção para o aroma, que é misturado ao óleo sem nada dizer:

Episcopus infundit aromata in oleum et conficit chrisma, nisi iam antea fuerit praeparatum, nihil dicens (OBO 23).

Terminada a confecção do crisma, o bispo faz o convite à oração, com as palavras Oremus fratres carissimi (OBO 24)

Tunc Episcopus, pro opportunitate, halat super os ampullae chrismatis, et extensis manibus unam ex sequentibus orationibus consecrationis profert (OBO 25).

São previstos dois formulários para a oração de consagração, ambos com a estrutura de um prefácio. O primeiro se trata substancialmente da oração do GeV e do GrH, passada através do PRG e fixada no PR[21]. O segundo, por sua vez, é de nova composição[22]. A insuflação é dentro da categoria do pro opportunitate.

No OBO não se preveem mais as fórmulas de exorcismo e a saudação ao óleo[23].

 

Dom Jerônimo Pereira Silva, OSB.
Doutor em Sagrada Liturgia.
Membro do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard

 


[1] Cf. H. Rabotin. «La consécration des saints huiles le Jeudi Saint». In: La vie et les arts liturgiques, Paris 1920, 216-228; F. Cabrol. «Huile», DACL VI/2 (1925) 2777-2791; B. Botte. «Le symbolisme de l’huile et de l’onction», QL 62 (1981) 196-208; P. Jounel. «La consécration du chrême et la bénédiction des saintes huiles», LMD 112 (1972) 70-83.
[2] Tertulianus. De Baptismo, VII. J. G. Ph. Borleffs (Ed.). CCL 1, 282. Cf. Didymus Alexandrinus, De Trinitate, II, 115.  J.-P. Migne (Ed.). PG 39, Paris 1863, 454.
[3] Também o I Concílio de Toledo entre 398 – 400 a reserva ao Bispo. Cf. Sacrorum conciliorum nova et amplissima collectio III. J. D. Mansi; Hubert Welter (Eds.). Paris 1905, 102.
[4]  Hippolytus Romanus. La Tradition Apostolique, 21, (SCh 11bis) 82. Hipólito não diz nada sobre a oração de santificação do óleo. No século IV as Constitutiones Apostolorum trazem uma oração para ser pronunciada sobre o “myron” (Cf. Constitutiones Apostolorum, VII, 44, 1-2. In: Didascalia et Constitutiones Apostolorum. X. Funk; F. Schöningh Eds.). Paderborn 1905, 450. Cf. Cirillo e Giovanni di Gerusalemme. Catechesi mistagogica III. In: Le catechesi ai misteri. Roma: Città Nuova, 1977, 69; Dionigi Areopagita. Tutte le opere.  P. Scazzoso (Ed.). Milano: Rusconi, 1981, 194-206.
[5] Missale Gallicanum Vetus. L. C. Mohlberg (Ed.). Roma: Helder 1958, 25-27; Cf. A. Chavasse, «La bénédiction du chrême en Gaule avant l’adoption integral de la liturgie romaine», Revue du Moyen Âge Latin, I (2/1945) 108-128.
[6] Cf.  A. Chavasse. Le Sacramentaire Gélasien (Vaticanus Reginensis 316): Sacramentaire presbytéral en usage dans les titres romains au VIIe siècle. Tournai: Desclée, 1958, 133-139.
[7] Cf. G. Morin. «Une particularité arlésienne de la liturgie du samedi saint», EL 42 (1935) 146.
[8] Cf. M. Righetti. Storia Liturgica, II. 2/3. ed. Milano: Àncora, 1959, ed. anast. 1998, 212, nota 53.
[9] GrH 333: “In hoc ipso die ita conficitur chrisma in ultimo ad missa, antequam dicatur per quem haec omnia domine semper bona creas, leuantur de ampullis quas offerunt populi, et benedicat tam domnus papa quam 3 omnes presbyteri”. Nos títulos se celebravam três missas: para a reconciliação dos penitentes (GeV 349-363), para a bênção dos óleos dos enfermos e dos catecúmenos (GeV 375-390. O redator franco-galicano inseriu a bênção do crisma “Item olei exorcizati confectio”: GeV 389-390) e para comemorar a instituição da eucaristia (GeV 391-394). Cf. H. Schmidt. Hebdomada sancta, II. Roma: Herder, 1957, 727-728. 758-763; P. Jounel. «Le Jeudi Saint», LMD 41 (1955) 34-44; Id. «Le nouvel ordo de la Semaine Sainte», LMD 45 (1956) 16-35; Id. «Le Jeudi Saint. II. La tradition de l’Église», LMD 68 (1961) 13-28; J. Kettel. «La liturgie du Jeudi saint», Assemblèes du Seigneur 38 (1967) 7-25; S. Marsili, «Giovedì Santo: Messa e consacrazione degli oli». In: ______. I segni del mistero di Cristo. Teologia liturgica dei sacramenti. M. Alberta (Ed.). Roma: CLV-Ed. Liturgiche, 1987, 392-393.
[10] A. Chavasse, «A Rome, le Jeudi Saint, au VIIe siècle, d’après un vieiel Ordo», RHE 50 (1955)  26-27.
[11] Amalarius, Liber Officialis, I, 12, 25. J. M. Hanssens (Ed.). III, 72.
[12] Cf. M. Righetti. Storia Liturgica, II, 209-210; A. Nocent. «La semaine sainte dans la liturgie romaine». In: Hebdomadae sanctae celebratio. Conspectus historicus comparativus. L’antica celebrazione della Settimana Santa a Gerusalemme e il suo sviluppo nei riti dell’Oriente e dell’Occidente. A. G. Kollamparampil (Ed.). Roma: CLV-Ed. Liturgiche, 1997, 209.
[13] Cf. Ph. Oppenheim. Commentationes ad ritum baptismalem, I, Ritus antebaptismales, Torino: Marietti, 1943, 93-102.
[14] Cf. P. Sorci. «Per una mistagogia dei simboli rituali. 2. La solenne benedizione del crisma in Oriente e in Occidente», RL 76 (1989) 265.
[15] Guillelmus Duranti. Pontificale III, 75 (StT 88), 577.
[16] A. Nocent. Il triduo pasquale e la settimana santa. Col. Anàmnesis VI, 123.
[17] Cf. P.-M. Gy. «Semaine sainte et Triduum pascal», LMD 41 (1955) 7-15; Id. «La réforme de la semaine sainte et le principe de la pastorale liturgique», LMD 45 (1956) 9-15; M. Metzger, « La formazione della “Grande Settimana”». In: Celebrare l’unità del Triduo pasquale 1. Il Triduo oggi e il Prologo del Giovedì santo. A. Catella; G. Remondi (Eds.).Leumann: ElleDiCi 1994, 75-91; H. Schmidt. «Esprit et histoire du Jeudi saint», LMD 37 (1954) 66-92; C. Braga. «Variationes in Ordinem Hebdomadae sanctae. Commentarium», EL 80 (1966) 49-51; P. Tena. «La “recepción” de la semana santa reformada», Ph 25 (1985) 5-14; A. Rose. «La signification de la Messe chrismale», QL 69 (1/1988) 26-66. Pio XII foi o primeiro papa da história a escrever uma encíclica estritamente litúrgica («Litterae encyclicae Mediator Dei et hominum», AAS 39 [1947] 521-595), restituindo a liturgia, até então tratada como cerimônia, a categoria de ente teológico. Em 1947, permitiu os primeiros rituais bilíngues. No dia 28 de outubro de 1949, instituiu uma comissão para a reforma litúrgica geral. Cf. E. Cattaneo. Il culto cristiano in Occidente, 511. Modificou as regras do jejum eucarístico (1953-1957) (Constitutio apostolica Christus Dominus, 6 de janeiro de 1953, [AAS 45] 15-24). Permitiu a celebração de missas vespertinas (1955) e simplificou as rubricas que diziam respeito ao calendário e ao Breviário (1955). Cf. Monitum S. Officii de 22 de março de 1955, [AAS 47] 218-224) do qual pretendia fazer uma profunda reforma . (Memoria sulla riforma liturgica. Consultazione dell’episcopato intorno alla riforma del Breviario romano (1956/1957). Risultati e deduzioni.  Sacra Congregazione dei Riti (Ed.). Città del Vaticano: 1957. Para o tema é de fundamental importância a obra de C. Braga. La riforma liturgica di Pio XII. Documenti. I. La «memoria sulla riforma liturgica». Roma: CLV-Ed. Liturgiche, 2003.
[18] «Bênção do óleo dos catecúmenos e dos enfermos e confecção do crisma». In: Pontifical Romano renovado por decreto do Concílio Vaticano II, promulgado por autoridade de papa Paulo VI e, em parte, renovado pelo papa João Paulo II. Tradução portuguesa para o Brasil das edições típicas, São Paulo: Paulus, 2000.
[19] «Ordo benedicendi oleum catechumenorum et infirmorum et conficiendi chrisma». In: Pontificale romanum ex decreto Sacrosancti Oecumenici Concilii Vaticani II instauratum auctoritate Pauli PP. VI promulgatum, editio typica. Città del Vaticano: Typis Poliglottis Vaticanis, 1971.
[20] O Ordo Hebdomadae Sanctae instauratus, Editio Typica, Typis Polyglottis Vaticanis 1956 instituiu uma missa própria para a bênção dos óleos, totalmente diferente da Missa in Coena Domini, a De Missa Chrismatis, recuperando a antiga tradição do Gel V. 375-390. Essa missa consta de um formulário próprio. Desde o século X, que não se utilizava um formulário apropriado para esta peculiar celebração. A Colleta e a Super Oblata foram recolhidas do GeV 375 e 377. A Postcommunio era uma Ad populum, que foi adaptada do GeV 394, e o Prefatio vem também da tradição gelasiana: GeV 378. Cf. A. Catella. «Sguardo retrospettivo sulla storia recente del triduo». In: Celebrare l’unità del Triduo pasquale 1. Il Triduo oggi e il Prologo del Giovedì santo. A. Catella; G. Remondi (Eds.). Leumann: ElleDiCi, 1994, 142; F. Brovelli. «La messa crismale del giovedì santo». In: Il Messale Romano del Vaticano II. Orazionale e lezionario I. La celebrazione del mistero di Cristo nell’Anno Liturgico. Torino: ElleDiCi, 1984, 243-247; G. Ferraro. «Il prefazio della messa cresimale». In: I sacramenti e l’identità cristiana. Casale Monferrato: PIEMME, 1986, 235-247.
[21] Cf. A. Ward. «Sources of the postconciliar blessings of the holy oils and the chrism», EL 125 (2011) 190-233.
[22] J. Rogues. «La préface consécratoire du chrême», LMD 49 (1957) 35-49; E. Lanne, «La bénédiction de l’huile». In: Les bénédictions et les sacramentaux dans la liturgie. Conférences saints-Serge XXXIVe seamaine d’etudes liturgiques, Paris, 23-26 juin 1987. Roma: CLV-Ed. Liturgiche, 1988, 165-180; L. Girello. «Ecclesiae tuae perfice augmentum. La seconda orazione di consacrazione del crisma nell’Ordo benedicendi oleum cathecumenorum et infirmorum et conficiendi chrisma del 1971», EO 30 (2013) 185-233.
[23] Cf. S. Mazzarello. «Il nuovo rito per la benedizione dell’olio dei catecumeni e degli infermi e per la consacrazione del crisma», Liturgia 5 (1971) 130-145; A. Bugnini. «Le nouveau rite de la bénédiction des saintes huiles», DC 68 (1971) 297-299.