Autor: Cláudio Pastro

Partindo do Tríduo Pascal,
como de sua fonte de luz,
o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico com sua claridade[1].

No calendário litúrgico renovado pelo Concílio Vaticano II, a celebração da Páscoa de Cristo ocupa o lugar central de todo o ano: «Em cada semana, no dia chamado domingo (Dia do Senhor), ela comemora a Ressurreição do Senhor, que é celebrada também em cada ano, juntamente com a bem-aventurada Paixão, na grande solenidade da Páscoa».[2] A Páscoa é a «Festa das festas», a «Solenidade das solenidades». O seu profundo sentido é transmitido pelo Catecismo da Igreja Católica: «O Mistério da Ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua poderosa energia, até que tudo lhe seja submetido».[3] «O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida».[4]

O Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor é o ponto culminante de todo o ano litúrgico, porque a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus foi realizada por Cristo especialmente no seu Mistério Pascal.

O sagrado Tríduo começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do Domingo da Ressurreição».[5] A Vigília é constituída de três momentos fundamentais: o momento da Palavra de Deus, o momento da Batismo e o momento da Eucaristia como ponto alto.

É importante ter presente que a festa da Páscoa de Cristo prolonga-se, primeiramente numa oitava solene, que termina no Domingo in albis, e, depois, em outras seis semanas, até a festa de Pentecostes.

A celebração do Tríduo Pascal marca profundamente a vida dos cristãos, também no mundo contemporâneo. O Papa Francisco proferiu uma expressiva exortação na homilia da celebração da Vigília Pascal, em 2017, ao mencionar as palavras do Anjo à Maria de Magdala e da outra Maria, e o regresso delas à cidade para se encontrar com os outros (cf. Mt 28,1-8): «Como entramos com elas no sepulcro, assim vos convido a irmos também com elas, a regressarmos à cidade, a voltarmos sobre os nossos passos […]. Vamos com elas comunicar a notícia, vamos…  a todos aqueles lugares onde pareça que o sepulcro tenha a última palavra e onde pareça que a morte tenha sido a única solução. Vamos anunciar, partilhar, revelar que é verdade: o Senhor está Vivo. Está vivo e quer ressurgir em tantos rostos que sepultaram a esperança, sepultaram os sonhos, sepultaram a dignidade. […] Vamos e deixemo-nos surpreender por esta alvorada diferente, deixemo-nos surpreender pela novidade que só Cristo pode dar. Deixemos que a sua ternura e o seu amor movam os nossos passos, deixemos que o pulsar do seu coração transforme o nosso ténue palpitar».[6]

A vida aniquilada na cruz volta a palpitar de novo. A vida do Ressuscitado nos é oferecida como dom e como horizonte do nosso caminhar na história, rumo à casa do Pai.

Elza Helena de Abreu
Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard.
São Paulo – SP.

 


[1] Catecismo da Igreja Católica. 9. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Loyola; Paulinas; Ave-Maria; Paulus, 1998, n. 1168.
[2] Normas Universais do Ano Litúrgico e o Calendário Romano Geral, n. 1. In: Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. Brasília: Edições CNBB, 2008.
[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 1169.
[4] Ibid., n. 1085.
[5] Normas Universais do Ano Litúrgico, n. 19.
[6] Disponível em: https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2017/documents/papa-francesco_20170415_omelia-veglia-pasquale.html. Acesso em: 15 mar. 2018.