A palavra círio vem do latim, cereus, de cera (produto das abelhas).
O círio mais importante é o que se acende na Vigília Pascal, ou seja, o círio pascal, que representa Cristo ressuscitado, vencedor das trevas da morte, sol que não tem ocaso. No meio da escuridão (toda a celebração se faz de noite e começa com as luzes apagadas), de uma fogueira previamente preparada acende-se o Círio, com o fogo novo, e, sua chama deve ser tal que ‘dissipe as trevas e ilumine a noite’.
O círio tem uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ómega – a primeira e a última do alfabeto grego –, para indicar que o Cristo ressuscitado, princípio e fim do tempo e da eternidade, a quem pertence a glória e o poder, pelos séculos infinitos, nos atinge com força sempre nova, no ano concreto em que vivemos, no hoje da nossa história pessoal, social, eclesial, cósmica… No círio pascal são aplicados cinco cravos de incenso, simbolizando as cinco chagas de Cristo na cruz. Ele vence a morte, por isso suas chagas são gloriosas.
Aceso o círio pascal é erguido e clareia a escuridão da noite e conduz a procissão de entrada da Vigília. Durante a procissão canta-se por três vezes a aclamação: ‘A luz de Cristo!’ e o povo responde: ‘Demos graças a Deus!’. Podem ser acrescentadas outras aclamações dirigidas a Cristo.
De acordo com os documentos da Igreja, somente após a entrada na Igreja, a luz do círio pascal passará, gradualmente, às velas que os fiéis têm em suas mãos, permanecendo ainda apagadas as lâmpadas elétricas (que serão acesas antes do Precônio Pascal). Depois, coloca-se o Círio na coluna ou candelabro, que vai ser o seu suporte, depois de o incensar, proclama-se do ambão, o solene Precônio Pascal, ou Exultet, um belo hino altamente poético, que utilizando imagens bíblicas, canta numa solene ação de graças, as maravilhas operadas por Deus em todos os tempos e lugares.
A procissão seguindo a luz de Cristo, evoca o caminhar do povo hebreu no deserto à luz da coluna de fogo (cf. Ex 13,21) e as palavras de Jesus: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não caminha na escuridão, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12), pois assim como os filhos de Israel eram guiados de noite pela coluna de fogo, assim também os cristãos, por sua vez, seguem a Cristo ressuscitado, que ‘dissipa as trevas do nosso coração e da nossa mente’.
O círio aceso é memorial da páscoa. Ele possui uma pura fonte de luz. Aos poucos vai queimando e iluminando, exprimindo uma vida inteiramente consagrada ao amor, único e total. As velas choram enquanto iluminam. Para brilhar elas se gastam e morrem aos poucos. Desta forma, nos sinais sensíveis do círio pascal, da noite da escuridão para a claridade, dos gestos, palavras, cantos … aparece a outra realidade, isto é, fazemos a experiência da plenitude da alegria pascal, que se manifesta pela presença do Cristo ressuscitado, aniquilador da morte e fonte eterna de luz que clareia as nossas trevas e que nos arranca da morte, dando-nos vida em plenitude.
“O círio pascal, colocado junto do ambão ou perto do altar, permaneça aceso ao menos em todas as celebrações litúrgicas mais solenes deste tempo, tanto na missa como nas laudes e vésperas, até ao domingo de Pentecostes. Depois, o círio é conservado com a devida honra no batistério, para acender nele os círios (velas) dos neobatizados. Na celebração das exéquias o círio pascal é colocado junto do caixão, para indicar que a morte é para o cristão a sua verdadeira Páscoa. Fora do tempo da Páscoa não se acenda o círio pascal, nem seja conservado no presbitério”. (Paschalis Sollemnitatis, A preparação e celebração das festas pascais, n. 99).
O círio pascal é utilizado também na bênção da nova fonte batismal (cf. Cerimonial dos Bispos, nn. 999,1000,1002).
Algumas informações importantes:
1. O Círio pascal, ‘pela verdade do sinal, deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder evocar que Cristo é a luz do mundo’. (Cf. Paschalis Sollemnitatis, A preparação e celebração das festas pascais, n. 82).
2. A bênção do círio é feita com os sinais e palavras indicados no Missal Romano, com todos os elementos ou partes deles, como também por formas estabelecidas e aprovadas pela Conferência Episcopal, mais adaptadas à índole de cada povo. (Cf. Missal Romano e Paschalis Sollemnitatis, A preparação e celebração das festas pascais, n. 82).
3. “O diácono faz a proclamação da Páscoa, magnífico poema lírico que apresenta todo o mistério pascal inserido na economia da salvação. Se necessário, ou por falta de diácono ou por impossibilidade ‘do que preside’, tal proclamação seja confiada a um cantor. As conferências episcopais podem adaptar convenientemente esta proclamação, introduzindo nela algumas aclamações da assembleia”. (Paschalis Sollemnitatis, A preparação e celebração das festas pascais, n. 84).
4. As luzes da Igreja são acesas antes do canto do Precônio Pascal (cf. Missal Romano e Cerimonial dos Bispos), porém algumas comunidades eclesiais as acendem após o Precônio.
5. O círio pascal é incensado com 3 ductos do turibulo ou incensório. (Ducto é cada uma das oscilações que se imprimem ao turíbulo, para diante e para trás).
6. No círio não é bom colocar imagem do ressuscitado, ou muitas decorações que ofuscam seu sentido.
7. Na oração de bênção da água, na Vigília Pascal, o círio pascal pode ser mergulhado na água uma ou três vezes, no momento da invocação do Espírito Santo.

Ir. Veronice Fernandes
Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre
Membro do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard